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Priscilla, Rainha do Deserto completa 30 anos

 

Segundo a matéria do site The Conversation, o ônibus lilás batizado de “Priscilla” continua a encantar novas gerações, mantendo o carinho de sua fiel base de fãs, mesmo após três décadas de seu lançamento.

"As Aventuras de Priscilla, Rainha do Deserto" foi rodado em locais deslumbrantes como Sydney, Broken Hill, Coober Pedy, Kings Canyon e Alice Springs ao longo de seis semanas em 1993.

Sob a direção de Stephan Elliott, a obra foi apresentada na seção Un Certain Regard do Festival de Cinema de Cannes em maio de 1994, recebendo uma onda de aplausos pela sua representação positiva de personagens LGBTQI+.

Os prêmios vieram em sequência, especialmente para os figurinistas Tim Chappel e Lizzy Gardiner, que conquistaram o Oscar de Melhor Figurino com suas criações deslumbrantes e repletas de brilho.

A magia cultural do filme reside na fusão da exuberância dos figurinos com a árida paisagem desértica, revelando como esses elementos contrastantes se entrelaçam de maneira surpreendente.

"Um sucesso estrondoso"

Menos de um ano após seu lançamento, a Film Finance Corporation (FFC) da Austrália se destacou ao recuperar completamente seu investimento de A$ 1,67 milhão.

Inicialmente cautelosa devido ao desempenho fraco de Elliott em sua estreia, "Frauds" (1993), a FFC foi convencida após o roteiro atrair atenção em Cannes. O filme superou todas as expectativas, arrecadando mais de US$ 16 milhões na Austrália.

Foi recebido tanto socialmente quanto criticamente como um clássico instantâneo. Pergunte aos funcionários de cinema daquela época, e todos compartilharão histórias sobre as longas filas de pessoas ansiosas para ver e rever essa comédia musical que narra a jornada de duas drag queens (Hugo Weaving e Guy Pearce) e uma mulher transgênero (Terence Stamp) em uma viagem de ônibus pelo interior australiano.

Hoje, o elenco é uma escolha muito mais segura do que em 1994. Terence Stamp já era um ícone da atuação, aclamado nos anos 60 em filmes como "Billy Budd" e "The Collector". Seus romances badalados com figuras como Julie Christie e Jean Shrimpton aumentavam ainda mais seu apelo.

O público estaria disposto a aceitar um galã como a mulher transgênero, Bernadette? Agora, é impossível imaginar outro ator que conseguisse transmitir as falas afiadas de Stamp com tanta perfeição: "Não, 'Darling', eu, Darling. Olhe para você. Sua cara parece o traseiro de um gato."

Pearce e Weaving também eram apostas incertas. Nenhum dos dois era uma estrela de bilheteira na época. Pearce era conhecido como o encantador Mike da novela "Neighbours", enquanto Weaving era mais respeitado por papéis excêntricos do que como protagonista.

Ambos se mostraram escolhas ideais, impulsionando suas carreiras em Hollywood, com Pearce como Adam sendo uma grande revelação.

A conexão e a química entre os três protagonistas fazem o filme brilhar de verdade. Ninguém ali parece exagerado ou forçado; cada um possui seu arco narrativo, personalidade e trajetória. Quando eles escalam Kings Canyon vestidos de drag no final, é emocionante ver tudo o que conseguiram realizar juntos.

Um filme que começa como uma comédia leve sobre artistas drag se transforma em uma reflexão profunda sobre a importância da vivência e da amizade (ou, ouso dizer, do companheirismo).

"Mais vital do que nunca"

O drag tem uma longa tradição no cinema mainstream, com seus próprios códigos e referências.

"As Aventuras de Priscilla, Rainha do Deserto" se destaca por não abordar homens heterossexuais se passando por mulheres para esconder sua verdadeira identidade, mas sim por celebrar esses personagens em sua essência mais autêntica.

Este filme foi um marco no cinema australiano da década de 90, que ousou celebrar uma Austrália que desafiava o estereótipo masculino e musculoso.

Personagens "ocker" (homens e mulheres) aparecem, mas acabam sendo publicamente envergonhados por sua homofobia. A cena de Bernadette dando uma joelhada no cruel Frank (Kenneth Radley) sempre gera aplausos: "Pare de mostrar seus músculos, seu enorme monte de cocô de periquito", ela provoca.

Talvez a verdadeira estrela da película não sejam os atores, mas o icônico ônibus japonês Hino Freighter Priscilla de 1976, que serviu como cenário para várias cenas. O interior do ônibus era tão apertado que muitos da equipe precisavam se esconder sob figurinos e adereços.

Considerado perdido por anos, o ônibus foi redescoberto em uma fazenda em Nova Gales do Sul em 2019 e está passando por restauração para ser exibido no National Motor Museum em Birdwood, Adelaide Hills, em 2026. Quem sabe esse não é o momento perfeito para a tão esperada sequência?

Trinta anos após seu lançamento, "As Aventuras de Priscilla, Rainha do Deserto" continua a ser mais relevante, divertida e vibrante do que nunca. Todos a bordo, Priscilla! Que sua jornada prossiga por muito tempo.

Fonte: theconversation.com


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